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As Baiúcas.

Muitas são as memórias em torno das baiúcas, mas, hoje eu quero falar das baiúcas como espaços de venda de alimentos, de sociabilidade e ainda de produtos diversos. As baiúcas existem em todo o Pará, cada uma com a sua especificidade. Em Belém, as baiúcas sempre fizeram parte da dinâmica da cidade. De campos Ribeiro, em suas memórias nos informa que: "(...) no dia-a-dia, no entanto, a comida ordinária dos mais pobres vendidas nas “baiúcas” (...) De Campos Ribeiro enfatiza que era comum encontrar estabelecimentos na Avenida Independência (...) as “baiúcas, que eram café, restaurante”. Nas “baiúcas” os fregueses podiam comer por exemplo: (...) lingüiça assada na brasa, com farinha grossa, cujo preço de oitocentos réis!...Ou um café grande, com leite e pão, que custava tão só seiscentos réis...com um pedaço de queijo (...) do Ceará, isso ia mais longe: mil e duzentos réis.(1) No século XIX e primeira metade do século XX, as baiúcas além da venda de comida, eram espaços de sociabilidade, em algumas haviam divertimento como jogos. Algumas delas vendiam bebidas variadas como refrigerantes, cachaças e outras, a baiúca localizada no Conjunto Cidade Nova II, na estrada da Providência, que em 1989 vendia refrigerante. E ainda, feijão, arroz e açúcar. (2) Em outra Baiúca, na Cidade Nova VI, o proprietário vendia leite, açúcar e margarina. (3) Haviam ainda, as baiúcas que eram especialistas na venda de frutas, açaí, sopas e ensopados. No porto da palha, o senhor Avelino, proprietário de uma baiúca de venda de açaí, vendia o litro do Açaí, por $ 8 cruzados, em 1986. (4) Na gravura de León Righini de fins do século XIX é possivel visualizar no Largo de Nazaré, no cantinho a direita, na frente de uma casa um tipo de baiúca. Será se nela se venderia bebidas e/ou comidas? As Baiúcas existiam desde o século XIX em todo o Pará, cada uma delas tinha uma dinâmica muito própria e suas particularidades. As baiúcas são parte importantes do mundo da Alimentação.
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Referências.
🎨Joseph Léon Righini. Biblioteca Guita e José Mindlin. In: https://www.cma.ufpa.br/galeriarighini.html 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. Não deixem de ver a galeria do Righini no site do Centro de Memória da Amazônia.
(1) DE CAMPOS RIBEIRO, op. cit., p. 122.
(2) O Liberal. Segunda-feira, 19 de junho de 1989. (3) O Liberal. Segunda-feira, 26 de junho de 1989. (4) Diário do Pará. Sexta-feira, 7 de março de 1986.


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