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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

Cena do chá no filme O Mestre das Armas.

Uma das cenas mais emblemáticas do cinema tem no seu enredo o chá, ela não acontece apenas para que o "chá" alimentasse de "fundo"pra cena, ao contrário, todo o diálogo gira em torno do chá. A cena, que se passa no filme O Mestre das Armas, que conta a história do mestre de artes marciais Chinês Huo Yuanja, que após uma perda pessoal resolve se isolar pra entre outras coisas pensar sobre o quê realmente é importante na vida. O diálogo se passa entre Huo Yuanja e um mestre japonês, que o havia convidado pra tomar um chá, quando o Mestre Japonês o indaga se ele: "Conhece esse chá? Ele tem notas excelentes de sabor." Huo responde que para ele "(...) chá é chá!" Então, o mestre japonês que num ritual meticuloso prepara o chá lhe diz que: "Mas, esse chá é diferente, tem um aroma diferenciado, deveria apreciar." Eis que Huo lhe diz: "Na natureza o chá cresce sem diferenças, quem diz que é diferente é o...

O Chá e os ingleses.

No quadro anônimo do século XVIII, podemos visualizar as três maneiras de segurar uma xicara chinesa de chá, observem a delicadezada imagem que vêm se encontro a própria delicadeza do chá. Segundo Franco, "No início do reinado de Carlos II, a corte inglesa adotará o chá, introduzido por sua mulher, a portuguesa Catarina de Bragança. O equipamento e o ritual do chá guardarão por algum tempo muito da sua origem oriental".(1) E no Brasil? Aluísio de Azevedo, em seu livro O Mulato, nos informava que "Maria Bárbara ceava na varanda (...) embebendo fatias de pão torrado na sua xícara de chá verde". (2) No Pará, D. Frei João de São José Queiroz, em Belém, no ano de 1762, informava referindo-se aos produtos que eram enviados pela Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão que "sessenta arráteis de chá que mandamos vir do reino, para com ele corresponder a pessoas a quem vivemos obrigado a desfazer de toalhas e guardanapos de Guimarães, que conservávamos...

A planta do chá.

Você sabia que nem todo "chá" é chá originalmente? Isso porque os chá originais são provenientes da planta Chá (Thea senensis) e apenas os chás oriundos dessa infusão são chás. Nós nos habituamos a chamar de chá toda e qualquer infusão de plantas. Segundo Franco, " A planta do chá é de fato sempre a mesma, e os tipos dependem da altitude em que a planta é cultivada, do mês em que as folhas são colhidas e se estas são provenientes do alto ou da parte inferior do arbusto. Alguns chás são oxidados por processo químico, antes da secagem, para produzir o chá preto; outros são secados ao natural, produzindo chás verdes" E ainda, "Antigamente, usava-se gengibre, casca de laranja iu cebola como aditivos aromáticos. Mais tarde, os chás passaram a ser perfumados com jasmim, rosas, crisântemos ou camélias ".(1) Na imagem, processo de embalagem do chá datado de 1800. O que te lembra esse processo de produção do chá? . . . Referências. 🎨 Página de ...

Chá da Marca Lontra.

Nosso tema desta semana que já começou "fria" e nublada por aqui será o Chá! Aproveita pega um xícara e toma um chá bem quentinho e vêm comigo saber um pouqinho mais desta História saborosa. Então, pra começar vamos entender que apesar dos ingleses darem muita importância a bebida, destinando inclusive a " hora do chá " ele não é nativo da Inglaterra!? Segundo Ariovaldo Franco "Acredita-se que o chá seja nativo da Índia e twnha sido levado para a China no século III a.C, depois que o Império Han dominou as regiões subtropicais ao sul do rio Yang Tsé. Logo, proliferou no país grande variedade de chás. Na China, o chá se tornou uma bebida nacional, extremamente consumido e fez do hábito uma característica da sua gente. "É servido antes e depois das refeições, quase nunca durante. Toma-se chá, ao receber uma visita ou enquanto se discutem negócios". (1) Como relatei em outro texto, sobre a casa Pequim, em Belém no século XIX e primeira m...

Hambúrguer do filme Pulp Fiction.

"Huuuuum, que sanduíche gostoso" Jules. Aproveitando que ontem falamos da cultura americana na alimentação em Belém, não podíamos deixar de trazer essa cena clássica do hambúrguer Big Kahuna Burger, do filme Pulp Fiction, de 1994, do Diretor Quentin Tarantino, quando o personagem Jules come um Big Kahuna Burguer e nos deixa com vontade de comer também. O filme conta a história de dois assassinos profissionais trabalham fazendo cobranças para um gângster. O filme considerado um clássico foi ganhador de vários prêmios. Aliás, Quentin Tarantino, sempre faz as melhores cenas de comidinhas em filmes e o Kahuna Burguer acabou por ser tornar a rede de lanchonetes de vários outros filmes do diretor. Becky Thorn, em seu livro Jantares de Cinema, nos diz que "nessa que é ppssivelmente uma das cenas de comida mais famosas do cinema, Jules se rasga em elogios para o Big Kahuna Burguer (...) antes de dar uma mordida digna de fazer todos os espec...

Sorveteria e Confeitaria Alvear.

Que os cardápios, anúncios e ofertas de alimentos em Belém fossem escrito em Francês era um hábito comum, naquela que seria a "Paris dos Trópicos ", mas, você sabia que a "moda" dos anúncios e cardápios escritos em inglês também foi uma realidade na cidade de Belém? As influências nas práticas alimentares também se faziam pelo “caráter da moda” ou que era chique e elegante em servir, uma vez que a cultura alimentar se apresenta como moda.(1) Assim, a cultura alimentar dos outros lugares chegava como uma espécie de adoção ao que era moderno e estava em voga. A cidade de Belém não fugia a essa realidade, a partir da década de 30, do século XX, uma cultura alimentar como moda baseado no “o american way of life”, não apenas o cardápio aparece em inglês, mas acima de tudo os pratos eram baseados na cultura alimentar americana com sandwuiches, drinks e cocktails. A grafia inclusive era parte importante dessa linguagem da moda. Um exemplo, é o Alvear que em ...

Filhós, filhoses ou beilhoses.

, Não era biscoito, pão, pudim nem mousse... A primeira receita que reproduzi do livro O Cozinheiro Imperial foi Verdadeira receita de beilhoses. Tenho certeza que muitos conhecem pelo nome de Filhós ou filhoses! Comecei por essa receita, porque ela tem uma memória gustativa tão boa pra mim. Enquanto eu fazia, lembrava dos filhoses que a minha tia Leila fazia e ainda faz .... ahhhh os delas são tão bons, não tem iguais. Foi tia Leila, irmã de minha mãe, que me "apresentou" os filhoses de abóbora e, naquela época eu não imaginava a origem dos beilhoses, mas, como criança gulosa que sempre fui, amava cada pedacinho daqueles filhoses crocantes por fora, macios por dentro e com aquele gosto inigualável de abóbora, canela e açúcar. Consigo até sentir o cheiro e sabor agorinha mesmo. Mas, você sabe que os beilhoses ou filhoses, fazem parte da doçaria portuguesa? O historiador portu...

O Cozinheiro Imperial.

O primeiro livro de receita publicado no Brasil, O Cozinheiro Imperial, data de 1839, existem dúvidas se foi em 1839 ou 1840, de autoria desconhecida que é apenas assinado com as iniciais R. C.M, publicado pela editora Laemmert. A historiadora Leila Algranti nos informa que umas das possibilidades é que o livro tenha sido escrito por um Chef de Cozinha da Corte. Segundo Algranti, “a ausência de um estilo de cozinha e de instruções pessoais (...) leva a supor que o autor do primeiro livro brasileiro de culinária não tenha sido um cozinheiro (...) o fato de o autor se intitular chef pode ter sido uma forma de conferir respeitabilidade àobra,reafirmando uma antiga tradição na história da edição dos livros de cozinha, cujas obras mais divulgadas, desde a Idade Média, foram escritas por cozinheiros experientes a serviço das grandes casas de nobreza europeia”. (1)O livro dizia na sua nota sobre a primeira edição que: “Ao Brasil faltava um tratado especial da arte da ...

Grande Hotel e Carnaval...

Isaura personagem de Dalcídio Jurandir era "Florista, ornamentava o Palace Teatro para os bailes do carnaval".(1) Aliás, os bailes do Palace eram famosos em 1922, A Revista A Semana informava que no Palace-Theatre " um frisson precussor das grandes alegrias; uma anciedade que se justifica plenamente, empolga neste momento a nossa jeunesse dorêe e as canadas sociaes com a realização hoje e amanhã, dos primeiros sumptuosos balmasquês do Palace-Theatre". (2) O Palace Theatre funcionava dentro do Grande Hotel, na imagem vê-se o interior dele. Segundo Dulcilia Nunes e Larissa Santos: "O Palace Theatre promovia bailes de Carnaval bastante concorridos e sempre divulgados em periódicos de Belém ". (3)O Carnaval em Belém cujas tradições também giravam em torno dos bailes, salões e jantares especiais, inclusive, os Hotéis eram espaços de diversão do Carnaval na cidade. Entre os hotéis da capital paraense, um dos mais importantes, ...

Carnaval em Belém.

O Carnaval em Belém acontecia com bailes, muita música, confetes, fantasias e serpentinas espalhados pela cidade. O Belem-Club, localizado na Travessa Ruy Barbosa, n°105, em 1927, anunciava "Grande baile carnavalesco cheio de surpresas" E ainda, "Este club realiza, hoje, o seu terceiro "balmasqué". Profusa orçamentação receberam os seus salões. O seu JAZZ-BAND augmentado, convenientemente, executará um longo programma, composto de musicas novas e proprias para quadra. Lança perfumes, confettis e serpentinas á disposição". (1) Em 14 de fevereiro de 1931, cerca de 21 anos depois, lá estava o Bar Paraense anunciando a realização de seu Carnaval. “CARNAVAL! CARNAVAL! CARNAVAL! É SÓ NO OLHO”. E, ainda, “No Bar Paraense, durante a quadra carnavalesca! ALEGRIA! - ESPECTACULOS PURAMENTE FAMILIARES -VERVE!”.(2)A realização de espetáculos em bares parecia comum em Belém. Em pleno carnaval, nos idos de 1931, o Souza Bar parecia se ...

Tucupí-pixuma ou tucupi preto.

Apesar do tucupi amarelo ser o mais consumido e conhecido você sabia que o tucupi preto ou tucupí-pixuma era muito consumido e preparado pelas tribos Jurí e Miranha do Jarapurá? Segundo Henry Bates, que nos idos de 1850, quando esteve nos arredores do rio Madeira, nos informa sobre o tucupi e o tucupí-pixuma: "O tucupi, outro molho feiro também do suco da mandioca (...) É preparado pell aquecimento ou cocção do líquido puro, depois da separação da tapioca. Durante vários dias a fio, e temperado com pimenta e pequenos peixes; quando velho, tem gosto de extrato de anchovas. Geralmente é líquido, mas as tribos Jurí e Miranha do Japurá, preparam-no em forma de uma pasta negra ppr processo que não consegui aprender; é então chamado tucupí-pixuma ou tucupí preto". (1) Sobre o consumo do Tucupi este era feito com peixes, crustáceos, animais de caça e formigas saúvas. Bates nos relata o consumo da carne de tucano no tucupi nos arredores de Ega "Quando matam um tucan...

Café da manhã de Hotel em Pretty Woman.

E quem não adora um café da manhã de hotel? Amamos! Cena do filme Pretty Woman de 1990, com Julia Roberts e Richard Gere. Tem ovos mexidos, frutas, bacon, croissants, chá, panquecas, suco e torradas. Além dessa cena, o filme apresenta outras que acontecem em torno da "mesa" como almoço e jantar. Quero chamar atenção para o fato de quê tanto nos filmes quanto na literartura sempre existem cenas em Hotéis e, muitas delas em torno das refeições e dos alimentos e bebidas. Vocês já perceberam o quanto essas cenas são presentes? É quase impossível não ter! E mesmo pra quem não viaja literalmente, os hotéis ao longo da história são locais importantes de sociabilidade, no século XIX, muitos hotéis tinham restaurantes e bares que atendiam um público local e não necessariamente apenas os viajantes. Os hotéis serviam também como locais de banquetes. A exemplo, do Banquete de 14 de julho de 1892, ocorrido no Hotel Central, em Belém, para celebrar a dat...

O Tucupi.

O uso do tipiti possibilita a extração de um sumo que era usado de foema cotidiana pelas populações indígenas, o Tucupi, mas, o que é o tucupi? Segundo Miranda: "O Tucupi ou “Tucupy, s.m. – o sumo extraído da mandioca, raiz da Manihot utilíssima. Descascada a mandioca, ralada e espremida no tipiti, escorre um líquido meio grosso, amarelo se de mandioca amarela, branco se da variedade branca, o qual, deixado em repouso, deposita no fundo uma finíssima tapioca de excelente qualidade. O líquido pode ser preparado para uso culinário de dois modos: tucupi do sol e tucupi cozido. O primeiro decantado da vasilha onde repousou, temperado com sal, alho e pimenta, é posto ao sol engarrafado durante alguns dias; o segundo, depois de receber os mesmos condimentos vai ao fogo onde é fervido. Com a fervura o veneno do tubérculo desaparece. O tucupi é um molho excelente sobretudo para o peixe, o tatu, o pato e o taititu; seu uso não é limitado à Amazônia, nas Antilhas e alhures é e...

O Tipiti parte II

Pra hoje um pouquinho mais sobre o tipiti. Spix e Martius assim descreveram o tipiti " (...) um cesto cilíndrico, de duas tolsas de comprimento, cheio de mandioca ralada, e, em sua parte inferior sobrecarregado com uma pedra, pende de um dos postes da choça. Por esse simples processo, o suco venenoso das raízes frescas é espremido e cai num recipiente. Esse suco, engrossado ao fogo e misturado com pimenta (capsicum), produz o tucupi, molho usual de todos os pratos de carne, do qual os paraenses fazem tão constantes uso (...)".(1) Vicente Chermont de Miranda nos contempla com uma descrição mais completa do tipiti ou "Tipity, s.m. - Longo cilindro fabricado com a tala da jacitara ou do guarumã, tecido de modo especial a poder encolhido ter um certo comprimento, e espichado aumentá-lo quase no dôbro; vazio é comprido e fino, cheio fi a curto e grosso. É a prensa indígena, sobretudo empregado para espremer a massa de mandioca na fabricação de farinha. Cheio é o t...

O Tipiti.

No sítio do personagem Porfírio, já citado anteriormente, é possível se perceber os “apetrechos da fabricação da farinha”. Segundo José Veríssimo podia-se visualizar “o forno (...), os ralos, as gurupemas, os tipitis, as gareras ou cachos, umas como ubás a que houvessem cortado as extremidades, onde ralam a mandioca”. (1)Assim, em um jantar na casa de Porfírio, descrito por Veríssimo, a presença de farinha aparece como um alimento fundamental à mesa, narrando que tal costume também estava enraizado na forma de comer. Neste jantar composto somente de peixe, se tinha como acompanhamento o molho feito com caldo de peixe “que fumegava numa tigela no centro da esteira, e pimentas amassadas com dedo, um pedaço de pirarucu cozido. Com a mão desgastava um naco de peixe, que bem embebido no molho espera na borda do prato o punhado de farinha, tirada do montículo ao lado (...)”.(2)O tipiti era e ainda é peça fundamental no processo de fabricação da farinha e seus derivados, segun...

O Café Chic em Belém.

Alfredo Oliveira nos conta que o "Café Chic, na Praça da República, servia xícaras de chocolate quente recoberto por uma grossa camada de ovo batido". (1) Em anúncio de 1931, publicado na Revista A Semana, o Café Chic, de propriedade de M.J. Costa, o "ponto preferido pela elite Paraense" oferecia aos seus fregueses "Café, leite,chocolate, chá, viuva-alegre" E ainda, "Doces finis, biscoitos, bons-bons, sandwiches de fiambre, e queijo, e coalhadas especiaes" em questão de torradas "não tem RIVAL ". (2) O Café Chic era um dos mais antigos na cidade, em 16 de junho de 1893, o jornal O Paraense anunciava que o Café Chic, oferecia todos os dias no almoço, jantar e ceia, mas especialmente aos domingos, “appetitosas caças”, ao lado de “toda sorte de gallinaceos, carne de vacca, vitella, porco e carneiro”, além de “camarão, lagostas, caranguejo e ostra”(3) Em 14 de agosto de 1887, o cardápio oferecido era mais completo e ...

Filme: Soul Food.

O filme conta a história de Mama Joe, sua família e como ela mantém a família unida por 40 anos em torno do jantar de domingo, com comidas soul food. Mama Joe fica doente e precisa ser hospitalizada o que leva ao "fim" dos jantares e o afloramento das tensões familiares, levando ao afastamento das três filhas de Mama Joe. A situação leva o neto Ahmad elabora um esquema para unir a familia novamente e tal união perpassa as relações com o mundo da alimentação e suas práticas. Uma dos pontos de análise bem legal deste filme é a presença da comida Soul Food, essa cozinha de culinária étnica de origem afro-americana do sul dos Estados Unidos. O título do filme inclusive, "Alimento da alma" é parte do termo originado nos anos de 1960 junto ao movimento Black Power . A comida que lembra a família, aconchego e lar, assim como a comida de Mama Joe. Os restaurantes de comida soul, em grande medida eram propriedades de negros onde as pessoas iam para socializar e a...

Jantar com Tambaqui...

Quem leu Cenas da Vida Amazônica, de José Veríssimo, não esquece da cena em que o "(...) sr. Porfírio atacou sucessivamente a carne cozida, o tambaqui moqueado e um prato seu predileto, a maniçoba, preparado com mocotós de paca e grelos da mandioca, com tudo ajuntado de enorme quantidade de farinha, que, servindo-se da ponta dos dedos, à guisa de colher, lançava a boca, de longe, com perícia e certeza indígena, não só adquirida pelo traquejo desde a primeira infância, mas herdada também dos avós. (...)Ao fim do jantar, (…) começaram a comer a sobremesa, umas enormes pacovas amarelas, acompanhadas ainda com muita farinha (1). Na narração minuciosa sobre o que se passava na casa do personagem fictícia Porfírio, José Veríssimo faz uma descrição de um jantar no interior da Província do Pará, mas que, possivelmente, se aproxima de uma cena que poderia também ser comum  em casas da cidade de Belém. Portanto, a cena nos apresenta algumas características dos pratos e de elemen...

Os pratos com carne de tartaruga.

O texto de hoje busca responder a duas questões que algumas pessoas me perguntaram ao longo desta semana:Que pratos eram elaborados com carne de tartaruga? E onde era possível encontrar tais pratos? Adolfo Lindenberg e Vítor Godinho, em sua viagem, datada de 1904, pelo Norte do Brasil, ressaltavam a importância do consumo de tartaruga pelas populações locais “os pratos, à mesa dos caboclos e dos cearenses ribeirinhos, são variados à custa de um único manjar - a tartaruga”.(1) Logo, segundo os médicos, a tartaruga era muito consumida em parte devido ao seu caráter mais acessível e versátil, uma vez que, de uma única carne, consumia-se diversos tipos de pratos. E pelo tamanho do animal ela rendia bastante, notem na foto sem data, feita no Marajó o tamanho deuma tartaruga. Pois bem, José Veríssimo nos dizia que: "De vários modos a preparamos cosida, ensopada ou assada, ou, e é um dos melhores, picada a carne e servindo de assadeira o próprio peito da tartaruga, assada no ...

A "viração" da Tartaruga.

José Veríssimo também nos descreve a captura das tartarugas que era chamada de "viração da Tartaruga" ilustrada na imagem acima. Segundo o autor, "(...) A grande e rendosa pesca, a que se faz nas praias chamadas de viração". (1) Padre Antônio Vieira um dos primeiros a relatar sobre essa prática nos diz que: "Nos meses de outubro e novembro, saem do mar e do rio do Pará grande quantidade de tartarugas, que vêm criar nos areiais de algumas ilhas, que pelo meio dêste Tocantins estão lançadas (...) saem pois as duas primeiras espias, passeiam de alto a baixo tôda a praia, e como estas acham o campo livre, saem também as da vanguarda, e fazem muito devagar a mesma vigia (...) e depois delas sai tôda a multidão do exército com os escudos às costas, e começam a cobrir as praias (...) então os pescadores da emboscada, tomam a parte da praia, e remetendo as tartarugas, não fazem mais que ir virando e deixando; porque em estando viradas de costas, não se pode...

Manteiga de Tartaruga.

Você sabia que no Pará e nos seus arredores e interiores consumia-se muita manteiga de tartaruga até o seculo XIX? E ainda, que a manteiga de tartaruga era utilizada como uma espécie de moeda, usada em trocas comerciais: “a manteiga de charapa, ou seja, de tartaruga, vale, trocada por outras mercadorias, de um a dois dólares por vaso, segundo a riqueza da colheita, e vende-se no Grão-Pará a 5 e 6 dólares a dinheiro”. (1) Hoje vou falar de manteiga de tartaruga, que era feita com os ovos da tartaruga e que tinha lugar certo na Alimentação das populações da Amazônia. A manteiga de Tartaruga, produto que foi descrito e narrado ao longo da história por viajantes, memoralistas e curiosos sobre alimentação da região Norte. Essa manteiga muito consumida no Pará, ao longo dos séculos, era um gênero tipicamente amazônico. Ela era líquida e, sendo assim, muito usada para frituras, como nós informa D'Orbigny, no ano de 1832, ao fazer comentário de uma refeição com ovos de rã: (......

A carne de Tartaruga.

José Veríssimo, afirmava que a "tartaruga é verdadeiramente o gado da Amazônia". Isto porque, uma das carnes mais consumidas na região era a carne de tartaruga. A carne de tartaruga era um dos principais alimentos de sua população. Tida como extremamente saborosa e nutritiva, de consumo largo por populações indígenas, era também muito apreciada por viajantes estrangeiros que estiveram na Amazônia. A tartaruga com suas carnes permitia a elaboração de diversas iguarias, tais como a sopa, que também era consumida indistintamente da classe social. Segundo Spix e Martius:," Em fazendas abastadas, o curral contém, às vezes, um cento ou mais de tartarugas, das quais costumam matar alguma diariamente, ou pelo menos nos dias santificados, para ser servida a mesa com carne fresca. Os habitantes da província do Rio Negro fazem diversos pratos, alguns muito saborosos, com a tartaruga: os mais comuns, porém, são a sopa preparada com as patas e um assado sobre brasas feito...

Café Madrid.

A contextualização alimentar da cidade de Belém nos traz à tona variedades de locais, formas de funcionamento e de frequentadores ressaltando um mapa social dos usos dos espaços da cidade que é desenhado pelo viés da alimentação.(1)Lembrando que não é muito fácil nomear exatamente estes espaços abertos ao consumo de alimentos, uma vez que os estabelecimentos de alimentos e bebidas eram bem diversificados quanto a sua função. Muitos desses estabelecimentos tinham mais de uma função sendo hotéis, restaurantes, botequins, mercearia e casa de espetáculos. Um bom exemplo disso era o Café e Restaurante Madrid, de propriedade de Domingues & Silva,localizado na "Piazza della Republica, n°.32", canto da rua do Alecrim, antigo Largo da Pólvora, como nos diz anúncio de 1899, no "Álbum Descriptivo Amazonico" de Arthur Caccavoni. (2) O estabelecimento em anúncio de 1896 propagandeava as funções do seu espaço, que era composto ...