Pular para o conteúdo principal

A carne de Tartaruga.

José Veríssimo, afirmava que a "tartaruga é verdadeiramente o gado da Amazônia". Isto porque, uma das carnes mais consumidas na região era a carne de tartaruga. A carne de tartaruga era um dos principais alimentos de sua população. Tida como extremamente saborosa e nutritiva, de consumo largo por populações indígenas, era também muito apreciada por viajantes estrangeiros que estiveram na Amazônia. A tartaruga com suas carnes permitia a elaboração de diversas iguarias, tais como a sopa, que também era consumida indistintamente da classe social. Segundo Spix e Martius:," Em fazendas abastadas, o curral contém, às vezes, um cento ou mais de tartarugas, das quais costumam matar alguma diariamente, ou pelo menos nos dias santificados, para ser servida a mesa com carne fresca. Os habitantes da província do Rio Negro fazem diversos pratos, alguns muito saborosos, com a tartaruga: os mais comuns, porém, são a sopa preparada com as patas e um assado sobre brasas feito com as partes apensas ao plastrão, que são picadas miúdas sobre o mesmo e temperado com pimenta malagueta, além de outras especiarias". (1) A sopa era preparada com as patas, assada sobre as brasas e o uso da pimenta malagueta e especiarias. Décadas depois, Adolfo Lindenberg e Vítor Godinho, em sua viagem, datada de 1904, pelo Norte do Brasil, ressaltavam a importância do consumo de tartaruga pelas populações locais. Desta forma informaram que “a tartaruga é na 
Amazônia o alimento mais fácil e mais procurado pela população ribeirinha”.807 E mais, Os médicos ainda descreveram a caça: “Curiosa a caça da tartaruga: - a fisga ou arpão é ligada a um longo cordel enrolado; atirada pelo arco, atravessa o casco da tartaruga, só ficando ao caçador o trabalho de arrastar o réptil para junto da canoa e de segurá-lo com as mãos”. Além da sopa ainda se fazia sarapatel, guisados, picados, almôndegas entre outros. Os povos da região tinham tanto aprezo pela carne que muitos tinham "criação" própria para seu consumo. 
.
.
.
To be continued...
.
.
.
Referências. 
📸 Ferreira, Alexandre Rodrigues. Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. 1783-1792. V.1.
In: http://bdor.sibi.ufrj.br/handle/doc/457. 
(1) SPIX & MARTIUS, op. cit., p. 133 e 134.
(2)GODINHO, Victor; LINDENBERG, Adolpho. Norte do Brasil: através do Amazonas, do Pará e do Maranhão. Brasília: Senado Federal, 2011, p. 24.(3) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016. p. 207. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...