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Tucupí-pixuma ou tucupi preto.

Apesar do tucupi amarelo ser o mais consumido e conhecido você sabia que o tucupi preto ou tucupí-pixuma era muito consumido e preparado pelas tribos Jurí e Miranha do Jarapurá? Segundo Henry Bates, que nos idos de 1850, quando esteve nos arredores do rio Madeira, nos informa sobre o tucupi e o tucupí-pixuma: "O tucupi, outro molho feiro também do suco da mandioca (...) É preparado pell aquecimento ou cocção do líquido puro, depois da separação da tapioca. Durante vários dias a fio, e temperado com pimenta e pequenos peixes; quando velho, tem gosto de extrato de anchovas. Geralmente é líquido, mas as tribos Jurí e Miranha do Japurá, preparam-no em forma de uma pasta negra ppr processo que não consegui aprender; é então chamado tucupí-pixuma ou tucupí preto". (1) Sobre o consumo do Tucupi este era feito com peixes, crustáceos, animais de caça e formigas saúvas. Bates nos relata o consumo da carne de tucano no tucupi nos arredores de Ega "Quando matam um tucano, isto é considerado notavel acontecimento, e a ave serve de refeição para duas dezenas de pessoas ou mais. Fervem a carne em panelas de barro, cheias de tucupí e a comem com beijú. As mulheres não têm permissão de provar da carne, mas se vêem obrigadas a contentar-se em molhar pedaços de beijú no caldo". (2) O Tucupi era "molho" indígena de uso cotidiano e com diversos tipos de carnes, inclusive as de caça e de animais tidos como "selvagens". Além do Tucupi amarelo havia o tucupí-pixuma ou tucupi preto, o qual demandava uma outra técnica de finalização. A fotografia é uma das mais bonitas no que tange o manuseio do tucupi, no âmbito doméstico a senhora retira o tucupi de um barril pra ferver numa grande panela, o que reflete bem uma máxima sobre o tucupi: que dele não se bebe pouco...
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E vocês já provaram tucupí-pixuma?

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Referências.
📸 Cozinha Típica regional do Pará. S/d. Não consta o nome do fotógrafo (a). Acervo dos trabalhos de Campo. In: biblioteca.ibge.gov.br 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. (1) (2)Henry Walter Bates, O Naturalista no rio Amazonas, São Paulo:Editora Nacional, 1944. p. 343- 360.✒ Para saber mais: MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016.

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