Você sabia que no Pará e nos seus arredores e interiores consumia-se muita manteiga de tartaruga até o seculo XIX? E ainda, que a manteiga de tartaruga era utilizada como uma espécie de moeda, usada em trocas comerciais: “a manteiga de charapa, ou seja, de tartaruga, vale, trocada por outras mercadorias, de um a dois dólares por vaso, segundo a riqueza da colheita, e vende-se no Grão-Pará a 5 e 6 dólares a dinheiro”. (1) Hoje vou falar de manteiga de tartaruga, que era feita com os ovos da tartaruga e que tinha lugar certo na Alimentação das populações da Amazônia. A manteiga de Tartaruga, produto que foi descrito e narrado ao longo da história por viajantes, memoralistas e curiosos sobre alimentação da região Norte. Essa manteiga muito consumida no Pará, ao longo dos séculos, era um gênero tipicamente amazônico. Ela era líquida e, sendo assim, muito usada para frituras, como nós informa D'Orbigny, no ano de 1832, ao fazer comentário de uma refeição com ovos de rã: (...) encostam à margem do rio e enchem com aqueles ovos à proa do barco. Chegando ao seu destino, fritam-nos, em manteiga de tartaruga". (2) Segundo o viajante Kidder: " A manteiga de Tartaruga da Amazônia é um produto peculiar a região em certas épocas do ano as tartarugas aparecem aos milhares sobre as margens dos rios para desovar na areia. (...) Os ovos quando ainda frescos, são lançados em enormes gamelas e outras vazilhas semelhantes e, depois de quebrados com um pau, são triturados com os pés. A seguir lançam água sobre a massa que é então exposta ao sol. O calor faz surgir à tona a matéria oleosa dos ovos que é colhida em guias e conchas. Depois disso o produto é novamente exposto a um calor moderado até chegar ao ponto de consumo. Depois de alvejado tem aparência de manteiga derretida. Conserva sempre o gosto de óleo de peixe, mas é muito apreciado para condimento, tanto pelos índios como pelas pessoas que a êle se habituam". (3) Em Belém, no ano de 1858 aportaram 32 potes gerando uma renda de 288$000 réis. Já no ano de 1861, foram 321 potes. (4) Na Gravura, de Alexandre Ferreira Rodrigues temos reproduzido a Fabricação da Manteiga de Tartaruga no rio Madeira.
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Referências.
🎨 Ferreira, Alexandre Rodrigues. Viagem Filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá. 1783-1792. V.1/2. In: http://bdor.sibi.ufrj.br/handle/doc/457. 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.(1) OSCULATI, Gaetano. Amazônia. In: ISENBERG, Teresa (Org.). Naturalistas italianos no Brasil. São Paulo: Ícone; Secretária de Estado de Cultura, p. 146-147.(2) D'Orbigny, Viagem pitoresca ao Brasil p. 80. (3) Kidder, Reminiscências de viagens e permanência no Brasil p. 182. (4)Macêdo, Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém (1850-1900). São Paulo: Editora Alameda, 2014. P. 77
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