Pular para o conteúdo principal

O Tipiti.

No sítio do personagem Porfírio, já citado anteriormente, é possível se perceber os “apetrechos da fabricação da farinha”. Segundo José Veríssimo podia-se visualizar
“o forno (...), os ralos, as gurupemas, os tipitis, as gareras ou cachos, umas como ubás a que houvessem cortado as extremidades, onde ralam a mandioca”. (1)Assim, em um jantar na casa de Porfírio, descrito por Veríssimo, a presença de farinha aparece como um alimento fundamental à mesa, narrando que tal costume também estava enraizado na
forma de comer. Neste jantar composto somente de peixe, se tinha como acompanhamento o molho feito com caldo de peixe “que fumegava numa tigela no
centro da esteira, e pimentas amassadas com dedo, um pedaço de pirarucu cozido. Com a mão desgastava um naco de peixe, que bem embebido no molho espera na borda do prato o punhado de farinha, tirada do montículo ao lado (...)”.(2)O tipiti era e ainda é peça fundamental no processo de fabricação da farinha e seus derivados, segundo Raimundo Morais, "Tipiti- Cilindro de talas de palmeiras tecido de forma que, esticado nas duas extremidades, comprime a massa que está dentro e faz escorrer o suco. É com ele que se obtém o tucupi e o vinho de cacau. Faz parte da aparelhagem do fabrico da farinha d'água". (3) Na ilustração de J. Wells, do século XIX, para o livro de Herbert Smith, em que ele fala sobre o tipiti, vemos a "reprodução" do manuseio do tipiti.


Referências.
🎨 Smith, Herbert H. The Amazons and the coast. Illustrated J. Wells Champney. New York. Charles Scribners Sons. 1879. p. 382. 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. (1) (2) VERÍSSIMO, José. Cenas da vida amazônica. Edição organizada por Antônio Dimas. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011, p. 11, 73.
(3) Morais, Raimundo. O meu dicionário de cousas da Amazônia. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2013. p. 161.
🔖MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...