Pular para o conteúdo principal

O Pão.

As pessoas me perguntam por que escolhi o pão como símbolo do @daquiloquesecome, bem o pão é um dos alimentos mais simbólicos e importantes da História da Alimentação da Humanidade. Gosto muito da frase de H. E. Jacob que sintetiza muito bem a importância do pão: " Não há neste mundo um pedaço de pão que não tenha sido amassado também pela religião, pela política e pela técnica ". (1) E exatamente por essa razão que o escolhi como símbolo do meu blog. Pão é vida e sempre há vida em torno do pão.
Nossa série essa semana será sobre o Pão. As origens do pão está diretamente ligada a dominação e cultivo dos cereias, especialmente o trigo. Segundo Jacob "No Egito foi inventado o pão". E ainda, " a História do pão assenta fundamentalmente no trigo e no centeio. Na verdade assenta mais no trigo do que no centeio". (3) Os egípcios foram os inventores também do processo de fermentação. O pão egípcio era feito com "trigo amidoado, bedet (Triticum dicoccum), diferente de nosso trigo de hoje, ou com cevada it (Hordeum), cereias que, ao que parece, cresceram em solo egipcio desde o início da civilização faraônica". (4) Nesse sentido, o pão desempenhava uma atividade importantíssima no cotidiano dos egípcios. O historiador Pierre Tallet nos aponta que havia "grande variedade de pães que as diferentes listas de oferendas nos mostram; havia dezenas e dezenas de variedades tanto em relação à preparação quanto à forma. A análise mais recente de alguns pães conservados nos túmulos confirma isso: alguns, por exemplo, podiam conter figos, outros eram apenas aromatizados com grãos de joio polvilhados por cima". (5) O pão? Porque desde a Antiguidade tem um significado simbólico imenso. É considerado sagrado em diversos povos. O pão em diversas culturas é considerado um alimento da vida, que deve ser respeitado. Muitos contos antigos tem como figura central o pão. Ele está presente até na hora da morte. A Bíblia nos mostra como o pão ganha importância simbólica. "O milagre dos peixes e pães", "A ultima Ceia" são momentos em que o pão é associado a vida e a fartura.
.
.
.
Referências.
📸 Mulher com pães em tabuleiro escultura em madeira. In: Tallet, Pierre. História da Cozinha faraônica. A alimentação no Egito Antigo. Trad. Olga Cafalcchio. Ed. Senac de São Paulo. 2002. 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1) (2) Jacob, Heinrich Eduard. Seis mil anos de Pão. Trad. José M. Justo. São Paulo: Nova Alexandria, 2003. p. 46. (3) Jacob. op. cit., p. 51. (4) Henri Wild, "Brasserie et panificacion au tombeau de Tis" Apud, Tallet, Pierre. História da Cozinha faraônica. A alimentação no Egito Antigo. Trad. Olga Cafalcchio. Ed. Senac de São Paulo. 2002. p. 73.(5) Tallet, Pierre. História da Cozinha faraônica. A alimentação no Egito Antigo. Trad. Olga Cafalcchio. Ed. Senac de São Paulo. 2002. p. 74. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A bolacha preta.

Bom Dia! Em fins da década de 80, fazíamos as famosas viagens de carro, no meu caso era de caçamba mesmo,  meu pai que é do Rio Grande do Norte, levava toda a família pra visitar a família dele e íamos felizes daqui do extremo Norte para o Nordeste. Lembro que nas viagens, em especial, na volta mamãe trazia uma boa reserva de Bolacha Preta, que eu vinha degustando e que tanto adoçavam minha viagem e meu paladar. Eram dias muito felizes e saborosos! Na última viagem que minha mãe fez, eu pedi que me trouxesse a dita bolacha, queria matar a saudade gustativa. A sorda é um popular e tradicional biscoito originário do nordeste brasileiro. Feito de uma massa composta de trigo, mel de rapadura e especiarias, tais como cravo, canela e gengibre. É fabricado artesanalmente ou industrializado por fábricas panificadoras em quase todos os estados do nordeste brasileiro, sendo muito consumido na área do sertão. Conhecido também em algumas localidades por bolacha preta, vaca pr...

É CARNAVAL.

Na pintura de Debret temos uma imagem do Carnaval  ou como era chamado no século XIX, de Dia d'entrudo. O dia d'entrudo que começava no domingo e seguia-se nos três dias gordos, era dia de festa em que os brincantes se jogavam "limões "cheios de água perfumada. A cena se passava no Rio de Janeiro, no ano de 1823. Segundo Debret: " O carnaval no Rio e em todas as províncias do Brasil não lembra, em geral, nem os bailes nem os cordões barulhentos de mascarados que, na Europa, comparecem a pé ou de carro nas ruas mais frequentadas, nem as corridas de cavalos xucros, tão comuns na Itália. Os únicos preparativos do carnaval brasileiro consistem na fabricação dos limões-de-cheiro, atividade que ocupa toda a família do pequeno capitalista, da viúva pobre, da negra livre que se reúne a duas ou três amigas, e finalmente das negras das casas ricas, e todas, com dois meses de antecedência e à força de economias, procuram constituir sua provisão de cera. O limão-...

Quadrados Paulista.

Olá, leitores! Essa receita é daquelas que é sensacional, veja bem: eu coloquei dois conceitos no meu livro um M/ DE MARAVILHOSO E UM E/excelente de tão boa que é!Façam, hoje mesmo :) sem palavras para descrever a tal gostosura. Quando fiz e provei essa receita, entendi que o livro Dona Benta tem raridades únicas e me questionei como aquela blogueira fazia duras críticas ao livro? Por que a minha experiência com ele a cada receita tem me deixado mais maravilhada, só posso pensar que a pessoa não deva entender muito da grandiosidade que é um livro que por gerações vem fazendo parte da cozinha de tantas pessoas...Enfim, vamos a receita: Quadrados Paulistas: p. 829. Ingredientes: Massa: 1 xícara chá de manteiga. 2 xícaras chá de açúcar. 2 xícaras chá de trigo. 1 colher de chá de fermento. 1/2 xícara de leite. 4 ovos separados. Glacê: Açúcar. Água ou sumo de laranja. Modo de Fazer: passo-a-passo:  Bata a manteiga com o açúcar, junte as gemas,...