Voce sabia que o costume de "polvilhar " os pratos com temperos ou açúcar tem origem na tradição da culinária árabe? E que a técnica de colocar a sopa por cima do pão demonstram influência árabe? O ponto de partida do nosso texto de hoje está centrado em perceber as inúmeras trocas e influências que vinham do mundo árabe. E como seus hábitos alimentares tiveram influência nas práticas alimentares, especialmente sobre doces, já que os árabes foram influenciadores de hábitos alimentares, em especial, na Europa.(1) O cozinhar é mais do que preparar comida, como nos afirma Maria Izilda Matos: "O cozinhar é um ato cultural, abrangendo sistemas de valores com escolhas e gostos, alimentos apreciados, rejeitados e preferidos, envolvendo procedimentos, códigos e regulamentos, práticas e preceitos, tradições, mas também inovações e descobertas". (2) Aqui, é importante dizer que as influências percebidas na alimentação têm como ponto de partida a diversidade e variedade, uma vez que, como afirma Laurioux, “não havia uma, mas várias cozinhas”.(3) Já nos séculos IX e X, os livros de culinária muçulmanos eram de grande popularidade no mundo árabe. Segundo Miller, houve por este momento um nascimento da culinária islâmica medieval, considerando ainda que “em virtude do alto nível de especialização em Bagdá, os livros de culinária e etiqueta eram extremamente populares”.(5) Tal realidade em parte, como demonstra Miller, ocorre em
virtude da posição de importante centro comercial que Bagdá ocupava naquele
momento: “Bagdá medieval estava situada no movimentado centro de um vibrante mundo islâmico que se estendia desde o rio Indo até o oceano Atlântico. Por esse centro passava uma profusão de comidas exóticas e de tradições culinárias, influenciando o que era consumido e como era consumido”.(5)
Nesse sentido, Riera-Melis informa que ao menos três influências foram significativas: o
uso do açúcar, do açafrão e as especiarias. Todavia, outros elementos também como a utilização de água de rosas, laranjas, limões, amêndoas e romãs.(6) A doçaria árabe teve de maneira significativa grande influência no mundo. Na tela intitulada Dulces y frutos secos sobre una mesa, datada de 1674, do pintor Valenciano Tomás Hiepes, um dos mais importantes pintores bodegonista da pintura barroca. Temos: "Dos cestos, uno con avellanas y castañas y otro con retorcidos barquillos, flanquean una botella oscura que se alza en medio marcando la línea del eje de simetría principal en torno al cual se ordena la composición; delante, un plato metálico de plata o latón con fragmentos de turrón y una rosquilla, tres dulces más (o panes)". (7)
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Referências.
🎨 (7) HIEPES, TOMÁS. Valencia, 1610 - Valencia, 1674. Dulces y frutos secos sobre una mesa 1600 - 1635. Óleo sobre lienzo, 66 x 95 cm. Museu do Prado. In: https://www.museodelprado.es/coleccion/obra-de-arte/dulces-y-frutos-secos-sobre-una-mesa/e8b773bd-4986-4d91-bab9-efec228f37b5?searchid=c199599ce837f6d2-6a04-3a3150bd2ed5 acessado em 22 de abril de 2021. (7) Fuente: Museo Nacional del Prado. 🔖 Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar. (1) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Cozinha Mestiça uma história da Alimentação em Belém fins do século XIX. Programa de Pós graduação em História social da Amazônia. UFPA. 2016. p. 136. (2) MATOS, Maria Izilda Santos. Cultura, tradição e invenção: temperados com lágrimas de saudades. In RAMOS, Alcides Freire; PATRIOTA, Rosangela (Orgs.). Escritas da história: ver, sentir, narrar. São Paulo: Hucitec, 2014, p. 262.(3) LAURIOUX, Bruno. Identidades nacionais, peculiaridades regionais e KOINÉ europeia na
culinária medieval. In: MONTANARI, Massimo (Org.). O mundo na cozinha: história, identidade, trocas. São Paulo: Estação Liberdade; Senac, 2009, p. 86.(4) (5)MILLER, H. D. Os prazeres do consumo: o nascimento da culinária islâmica medieval. In: FREEDMAN, Paul (Org.). A história do sabor. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009, p.143.(6) RIERA-MELIS, RIERA-MELIS, Antoni. O Mediterrâneo, crisol de tradições alimentares. A herança islâmica na culinária medieval. In: In: O Mundo na cozinha: história, identidade, trocas. São Paulo: Estação Liberdade: Senac, 2009. p.52.
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